quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Adaptação:

Entendendo mais...

Ao falarmos em adaptação escolar nos reportamos ao significado da separação.
A separação inicia no momento em que nascemos, onde deixamos um lugar aconchegante “desbravando” o mundo exterior, desconhecido, cheio de luzes e barulho. Ao longo da vida vivenciamos diversas separações no nosso desenvolvimento, como exemplo: desmamar, aprender a andar, retirar as fraldas, dormir no quarto sozinho, vivenciar a mudança de um amigo, trocar de namorado, se formar na faculdade, trocar de emprego, vivenciar um casamento, vivenciar um “divórcio”.
Nas vivências de separações existe um potencial de crescimento e de mudança nessas experiências, mesmo que predomine uma sensação temporária de perda.
Entendendo os sentimentos das crianças na adaptação....
No início da vida escolar as crianças podem sentir-se abandonadas, deixadas de lado, desprezadas, tristes, com medo, com raiva. E podem expressar-se com choros, gritos, batendo, com mau-humor, ficando quietas e até ficando dóceis.
Há crianças que apresentam problemas com essa sensação de separação. Há crianças que não apresentam problemas. As que não apresentam problemas exploram o ambiente, exploram os brinquedos, gostam de novidades, gostam de estar com outras crianças. As que apresentam demonstram o oposto.
O que as crianças esperam? Que todos os adultos ajam e tenham comportamentos semelhantes aos seus próprios pais. Por isso, é preciso ter um tempo para que elas se adaptem ao novo adulto- professor- que estão conhecendo. É normal que se sintam preocupadas em que não irão cuidar delas, que não saberão ir para a casa sozinhas, que não vão encontrar os seus pais e ou que seus pais não irão mais encontrá-las, pois para as crianças pequenas estar fora de vista é, muitas vezes, estar fora da memória. As refeições e o soninho são lembranças fortes de suas casas. Muitas vezes, seus sentimentos são grandemente ativados nestes momentos. Portanto, são atividades que devem ser introduzidas uma de cada vez. Pode parecer que a pessoa amada não vai mais voltar. Isso tudo vai desaparecendo com o tempo e paciência.
A criança que apresenta um comportamento muito bom, aparentando estar quieta e obediente ou querendo conhecer tudo na escola entrando e se relacionando facilmente, não quer dizer que não vão apresentar qualquer recusa em permanecer na mesma, pois lembre-se... Ela está em processo de adaptação. E isto quer dizer... Elaborando a separação. É importante que reaja frente a essa experiência. Mesmo a mais quieta também está mostrando reação à separação. Muitas evidenciam comportamentos regressivos, se queixando, implorando para não ser levada `a escola, se recusando a brincar, se agarrando firmemente na mãe, chupando o dedo, evidenciando sentimentos de tensão na hora da comida, mostrando problemas no controle da urina e perturbações no sono. Esses comportamentos são repetições já vivenciadas pelas crianças no seu desenvolvimento. E essas repetições são necessárias e importantes para que a criança tenha uma boa adaptação, adquirindo uma autoconfiança. Todos esses comportamentos são comuns no início da fase escolar.
Com as outras crianças elas demonstram a dificuldade de lidar com a separação. Isso pode ser observado através da agressividade ou afastamento.
Quando os pais voltam elas podem não querer voltar mais para casa e não deixarem os pais as abraçarem. Isso ocorre devido ao fato de passarem tentando elaborar a idéia de controlar o sentimento de terem sidas deixadas na escola. E isso é normal.
Para haver a adaptação tem que haver a separação e se procede entendendo as condições das crianças e seu mundo interior.
E os sentimentos dos pais...
Os pais se sentem preocupados com os cuidados dos seus filhos, se irão compreendê-los, se irão gostar deles e como será se o filho se comportar mal? E se o filho preferir o professor? E se o filho se machucar? Se o professor é confiável? Enfim... Normal todos esses pensamentos.
Aos pais é necessário verificar as suas primeiras experiências em relação à separação e á escola.
Confiar na equipe parece ser a parte mais importante para a resolução dos sentimentos de ansiedade. Para se fazer uma boa adaptação é importante que se tenha confiança na escola e nos seus educadores. Portanto, a sua escolha é fundamental nesse processo.
Aos pais é importante que conversem com as crianças explicando que irão pegá-las e que é importante a sua ida para a escola para ter amizades e aprendizagens, se despedindo dos seus filhos quando forem embora, pois mesmo quando os pais se despedem do seu filho e , o mesmo mostra um desconforto, a caminhada nesse processo está se construindo positivamente, pois se dá um passo em direção da autoconfiança e do autocontrole.
A adaptação se procede com critério e paciência e se completa por volta de seis semanas.
Espero ter auxiliado na compreensão desse processo, porque mesmo sendo doloroso é fundamental na socialização e aprendizagens da criança.

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