domingo, 21 de abril de 2013
A psicopedagogia clínica e institucional
“ A Psicopedagogia é um campo de atuação em Saúde e Educação que lida com o processo de aprendizagem humana; seus padrões normais e patológicos, considerando a influência do meio - família, escola e sociedade - no seu desenvolvimento, utilizando procedimentos próprios da psicopedagogia”.
A intervenção psicopedagógica é sempre da ordem do conhecimento relacionado com o processo de aprendizagem.
A Psicopedagogia é de natureza interdisciplinar. Utiliza recursos das várias áreas do conhecimento humano para a compreensão do ato de aprender, no sentido ontogenético e filogenético, valendo-se de métodos e técnicas próprios.
O trabalho psicopedagógico é de natureza clínica e institucional, de caráter preventivo e/ou remediativo.
A Psicopedagogia estuda o processo de aprendizagem e suas dificuldades, tendo, portando, um caráter preventivo e terapêutico. Preventivamente deve atuar não só no âmbito escolar, mas alcançar a família e a comunidade, esclarecendo sobre as diferentes etapas do desenvolvimento, para que possam compreender e entender suas características evitando assim cobranças de atitudes ou pensamentos que não são próprios da idade. Terapeuticamente a Psicopedagogia deve identificar, analisar, planejar, intervir através das etapas de diagnóstico e tratamento.
A Psicopedagogia se ocupa da aprendizagem humana, advinda de uma demanda: o problema de aprendizagem, colocado num território pouco explorado, situado além dos limites da Psicologia e da própria Pedagogia.
O TRABALHO DO PSICOPEDAGOGO NA CLÍNICA
O psicopedagogo clínico trata das dificuldades de aprendizagem, através de atendimentos em sessões realizadas individualmente ou em pequenos grupos, em consultório.
Para a avaliação, o psicopedagogo, no encontro inicial com seus familiares, na anamnese, usa dois recursos importantíssimos: o “olhar” e a “escuta” psicopedagógica, que o auxiliará a captar através de atividades lúdicas, desenhos, testes próprios da psicopedagogia, atividades avaliativas, do silêncio, das expressões do sujeito, dados que possa explicar a causa do não aprender.
Após essa etapa, surge à hipótese diagnóstica, os encaminhamentos necessários, o acompanhamento, dentre outros procedimentos inerentes ao trabalho terapêutico como orientação aos pais e professores e também contato com outros profissionais das áreas psicológica, neurológica, fonoaudiológica e outras, para que todos possam contribuir no tratamento. O psicopedagogo deve ser um mediador em todo processo, indo além da simples junção dos conhecimentos da psicologia e da pedagogia.
Para a utilização dos procedimentos diagnósticos e terapêuticos adequados, a prática psicopedagógica clínica deve está envolvida na concepção de um sujeito que aprende possuidor de características biológicas, cognitivas e socioculturais singulares, que o constituem enquanto um ser único, tendo, portanto um modo de aprender e ensinar, também peculiares. O atendimento clínico deverá obedecer criteriosamente todas as etapas investigativas e analíticas, com vistas à formulação de hipóteses consistentes no sentido de levantar hipóteses diagnósticas dos elemeninterferem no desenvolvimento do sujeito que aprende, sejam eles orgânicos ou inorgânicos.
Na psicopedagogia clínica os procedimentos diagnósticos e terapêuticos, obedecem à observação de aspectos importantes, dentre eles a análise de fatores orgânicos, motores, cognitivos, intelectuais, emocionais, sociais e pedagógicos, fortalecendo, sobretudo o rigor científico necessário à afirmação da Psicopedagogia enquanto Ciência voltada para o sujeito que aprende.
O psicopedagogo, através do diagnóstico clínico, irá identificar as causas dos problemas de aprendizagem. Para isto, ele usará de instrumentos próprios que irão subsidiar as suas hipóteses.
Após a hipótese diagnóstica inicia-se a intervenção.
O psicopedagogo institucional na sua prática escolar tem papel de mediador, ele faz uma intervenção, “não apenas da aula”, sobre um tema. Essa intervenção é levantar hipóteses, rever conceitos, descobrir determinadas crenças sobre o aprender e o ensinar e assim permitir a construção de um espaço para troca de experiências e idéias, além de propor uma metodologia onde o refletir e o pensar não seja tarefa sem prazer, sem alegria, sem vida.
Considerando a escola responsável por grande parte da formação do ser humano, o trabalho do Psicopedagogo na instituição escolar tem um caráter preventivo no sentido de procurar criar competências e habilidades para solução dos problemas. Com esta finalidade e em decorrência do grande número de crianças com dificuldades de aprendizagem e de outros desafios que englobam a família e a escola, a intervenção psicopedagógica ganha, atualmente, espaço nas instituições de ensino.
Numa linha preventiva, o psicopedagogo pode desempenhar uma prática docente, envolvendo a preparação de profissionais da educação, ou atuar dentro da própria escola.
Na sua função preventiva, cabe ao psicopedagogo:
• Detectar possíveis perturbações no processo de aprendizagem;
• Participar da dinâmica das relações da comunidade educativa a fim de favorecer o processo de integração e troca;
• Realizar processo de orientação educacional, vocacional e ocupacional, tanto na forma individual quanto em grupo.
• Avaliar o processo metodológico na escola como um todo e orientar novas metodologias de acordo com as características dos indivíduos e do grupo; acompanhando a relação professor e aluno, aluno e aluno;
• Acompanhar o aluno que vem de outra escola, sugerindo atividades, buscando estratégias e apoio e quando necessários.
Acreditamos que, se existissem nas escolas psicopedagogos trabalhando com essas dificuldades, o número de crianças com problemas seria bem menor.
O psicopedagogo deve considerar que a escola, o professor e família interferem positiva ou negativamente no processo de aprendizagem.
Em relação à escola, avalia-se também a forma como está organizada, inclusive a sua estruturação hierárquica, sua orientação de trabalho, os conflitos internos e o seu projeto pedagógico.
Nos professores, observa-se:
• a forma de circulação do conhecimento utilizada;
• o comprometimento com o trabalho;
• o zelo pelo aluno e pela aprendizagem;
• as transferências realizadas durante a interação com cada estudante;
• o estímulo que é capaz de provocar ao apresentar seu saber;
• a formação que possui que o habilitará a identificar as dificuldades escolares a partir da interpretação dos processos mentais que levaram o aluno a responder desta ou daquela forma;
• a conduta pedagógica - se respeita ou não o conhecimento trazido pelo aluno.
Na família é possível observar:
• sua função social e as funções de cada elemento da família;
• as formas de circulação do conhecimento;
• as normas que a regulamentam;
• as resistências;
• a identidade dessa família (ideologias, crenças etc);
• as expectativas e conflitos.
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